Viva! Júlia está viajando ao Brasil. E vai chegar antes de mim. Há quanto tempo eu me prometo umas férias nessa terra tão única, tão especial... dez, quinze anos? Não, muito mais. No mínimo uns trinta e quatro. Eu ainda era estudante universitário quando li que, ao construir a estrada Transamazônica, o governo teve que usar bombas de napalm para abrir passagem na floresta fechada. A partir deste fato eu escrevi uma série, “Tiki, o menino guerreiro”, cujo personagem principal era um índio carajá. Como é meu costume, comecei a me documentar, devorando livros e mais livros e, em poucos meses, eu me apaixonei por esse país – fascinante e terrível – da mesma forma que se pode desejar uma bela mulher de quem sempre se ouviu falar e que só se viu em fotografias. Depois, a Editora Vecchi, no Rio de Janeiro, começou a publicar Ken Parker e chegaram à Itália as primeiras cartas dos leitores do além-mar. Eu fiquei impressionado ao ver como aquelas pessoas, muito distantes de mim por nascimento, história, cultura... estavam em perfeita sintonia com minhas pequenas histórias, geralmente inspiradas na realizada da minha nação, para não falar da minha cidade e até do meu bairro. Às palavras se seguiram os fatos. Porque os brasileiros são sonhadores, sim, mas sabem agir. Começaram a chagar à Itália pessoas que queriam me conhecer, me entrevistar, me cumprimentar. Todos tinham no sorriso o calor de sua terra e no coração a emoção de quem privilegia os sentimentos. Assim conheci Laerte - um grande cartunista – Merli, Wagner, Rosana, Olaia e os colegas como Mauricio de Souza, Ziraldo, Angeli... Hoje eu escuto muita música brasileira, e mais de uma história de Júlia nasceu sob as notas de Caetano Veloso. Mas eu nunca imaginei que a minha criação chegaria ao Brasil antes de mim. E sei que estará em boa companhia. A começar por Júlio Schneider, que vai cuidar da tradução, e pelo competente pessoa da Mythos Editora. Alem de todos os amigos, conhecidos ou não, que a farão se sentir em sua própria casa. Pode ser que logo eu vá encontra - lá. Boa viagem minha querida. E boa estada.
Giancarlo Berardi
Por Ilson Nogueira Junior
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