O livro foi publicado no ano de 1.939, e no ano de 1.971, Dalton Trumbo decide roteirizar e filmar, ele mesmo, o seu único e bem sucedido livro, “Johhny got his gun”. Mesmo com recursos escassos, e sem experiência na direção, Trumbo se arrisca. O resultado foi louvável. “Johnny vai à guerra” esteve entre os indicados à Palma de Ouro daquele ano, onde acabou recebendo o prêmio especial da crítica.
Trumbo mescla a fantasia e o sonho com a realidade brutal das condições do soldado Joe Bonham. Johnny fica reduzido a um pedaço de carne com cérebro. Sem braços, pernas, olhos, boca, ouvidos ou nariz, tudo que lhe resta é a capacidade de pensar. As cenas que mostram o soldado no hospital, escondido do mundo, são trabalhadas em preto e branco. Já seus sonhos e memórias aparecem em cores; um recurso criativo já batido, mas utilizado com eficiência e de forma apropriada. Dessa forma simples, Trumbo nos passa a angústia e a falta de esperança da situação de Johnny, em contraste com seus delírios e lembranças de sua pacata vida. Outro recurso simples e eficiente é o uso da trilha sonora na maioria dos sonhos, enquanto boa parte das cenas no quarto são marcadas por um forte silêncio, quebrado apenas pelas palavras angustiadas de Johnny.
Apesar de inconstante em alguns trechos, como em algumas seqüências de sonho que não convencem, e pela atuação fraca do elenco de apoio (a atuação artificial da namorada de Johnny acaba comprometendo a importância desse relacionamento na trama), “Johnny vai à guerra” é um grande filme. Os momentos nos quais vemos o soldado em seu leito, desesperado pelo horror de sua situação, chocam e intrigam. Sua “relação” com as enfermeiras e médicos é tocante, assim como sua agonia pela incomunicabilidade, representada pelos movimentos inquietos de sua cabeça (ou o que restou dela). Mesmo sem ouvir ou falar, Johnny sente carinho e uma grande necessidade de se comunicar, de expressar sua última vontade: ser exposto ao mundo, para que todos soubessem dos horrores da guerra. Mesmo contando com poucos recursos ( a precariedade da produção é sentida em alguns momentos ), com total inexperiência na direção de filmes ( sentimos isso na atuação do elenco de apoio ), Trumbo consegue um longa forte. Os méritos são todos seus, pela intensidade do roteiro e pela sobriedade da direção. Há também uma colaboração não-creditada do lendário cienasta Luis Buñuel, como roteirista. O mais provável é que Buñuel tenha sido responsável por uma boa parte dos delírios de Johnny, pois alguns desses momentos têm a "cara" do cineasta, fortemente ligado ao surrealismo.
Clipe da música "One" da banda Metallica, com cenas do filme:
Neste ano de 2008, a estória do livro foi refilmada, com a participação do ator Benjamin McKenzie, conhecido por sua participação na série The O.C.
Por Ilson Nogueira Junior
Um comentário:
Bela matéria Ilson!
Seu Blog está ótimo.
Abraços.
p.s.: Mandei email para ti usei esse endereço: ilsonyp@hotmail.com.
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